Sabia que não havia solução. A alma estava perdida, vendida ao anjo caído que se deleitava ao observar suas lágrimas vazias, e sua voz fraca, gemendo de dor. Já não adiantava implorar de joelhos, aguardando a tal luz ao final do túnel. Não havia túnel. Havia apenas escuridão. Suas mãos tateavam as paredes frias e ásperas, ferindo as pontas dos dedos e fazendo jorrar um sangue que ninguém nunca veria. O tempo, antes notado, controlado, agora não passava de ilusão. Assim como todos os sonhos e desejos que outrora faziam parte do repertório daquele show que alguns chamam de vida.
Poderia rastejar, gritar, soluçar. Tudo em vão. Perdera a chance de consertar seus erros, perdoar a si mesma, abraçar suas criações. Nunca mais veria o mundo com seus próprios olhos, pois foram arrancados com sua alma e sua vida.