Essa semana ouvi uma frase muito interessante:
"Se você entra na faculdade e não é um idealista, então não tem coração; se sai da faculdade e não é um realista, então não tem cérebro"
O mais intrigante é que estava discutindo esse assunto com outra pessoa dois dias antes de ouvir a declaração acima. Tudo o que me foi passado durante esses três anos e alguns meses é suficiente para perceber que o que move as instituições e os Estados é o interesse. Eu não pensei que poderia ter um pensamento tão neorealista, principalmente depois de me tornar fã do Construtivismo em RI.
É claro que não descarto o fato de as imagens e percepções absorverem para si o papel de motivadores ou limitadores nas atitudes e decisões, mas acredito que, hoje em dia, o interesse está acima. Pode-se considerar a moral, regimes ou instituições para constranger comportamentos considerados inadequados pela sociedade (fatos sociais, por exemplo), porém o interesse, o poder e o dinheiro parecem evidenciar-se acima de todas as regras de conduta. E, se uma atitude é tomada em prol de algo supostamente "humanitário", ao investigar a origem dessa ação, nota-se um interesse à parte da finalidade prática. Sejam essas ações intervenções humanitárias militares, ou ajuda às crianças com câncer, o que os Estados buscam, na realidade, é o destaque no sistema internacional. Se não é dessa forma, a aplicação de Public Diplomacy também cumpre seu papel. Todas essas fachadas estão claramente atingindo seu objetivo.
Um comentário:
Comentei aqui por que o blogspot é maluco: por algum motivo estranho, ele colocou esse post como recente, sei lá por que. Mas lá vai, então:
E imagino que isso se estenda além do contexto estatal: mesmo o trabalho da Abeuni, é movido dessa forma. A diferença é o quanto se acha que só há altruísmo e nada mais. Mentira: por mais que as pessoas possam colocar o trabalho voluntário a frente dos seus interesses, não deixa de ser essa própria vontade um interessante jogo recursivo. Claro que, aqui, estou considerando a palavra interesse no seu sentido mais amplo, e não no corriqueiro, que tem o significado mais deturpado, que conota interesse egoísta... se formos considerar que se faz esse trabalho por que se sente bem, ainda assim, caímos no egoísmo (e se sentir bem é à parte, por que não é algo realmente inerente ao ato "humanitário")... no final das contas, quem é ajudado não considera se é sincera ou não a ajuda; na prática, importa mais que elas sejam ajudadas e não que um ato de sinceridade provenha o que os que precisam demandam...
não deixa de ser verdadeiro que os governos não o fazem por que realmente querem ajudar e buscam destaque no mundo... mas e as pessoas que fazem, não buscam elas destaque? Quantas não buscam suprir a questão de dever cumprido, para poder apontar na cara dos que "nada fazem"? Aqui, novamente, destaque tem a conotação geral e não a de "se mostrar na mídia", por exemplo. É a de se diferenciar na sociedade, como tb os fazem os governos... apesar de os governos serem instituições, é importante lembrar que elas são constituídas de pessoas, e por isso, a forma como elas são dirigidas simplesmente refletem os atos daqueles que as dirigem.
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