terça-feira, 7 de julho de 2015

De volta ao nada

Sabia que não havia solução. A alma estava perdida, vendida ao anjo caído que se deleitava ao observar suas lágrimas vazias, e sua voz fraca, gemendo de dor. Já não adiantava implorar de joelhos, aguardando a tal luz ao final do túnel. Não havia túnel. Havia apenas escuridão. Suas mãos tateavam as paredes frias e ásperas, ferindo as pontas dos dedos e fazendo jorrar um sangue que ninguém nunca veria. O tempo, antes notado, controlado, agora não passava de ilusão. Assim como todos os sonhos e desejos que outrora faziam parte do repertório daquele show que alguns chamam de vida.

Poderia rastejar, gritar, soluçar. Tudo em vão. Perdera a chance de consertar seus erros, perdoar a si mesma, abraçar suas criações. Nunca mais veria o mundo com seus próprios olhos, pois foram arrancados com sua alma e sua vida.

domingo, 14 de abril de 2013

Vida


É engraçado como em dado momento da vida começamos a refletir sobre a situação em que nos encontramos, e todo o caminho até chegarmos nesse ponto. Essa reflexão não tem hora para chegar, mas quando nos damos conta desses pensamentos, a sensação de nostalgia é inevitável.

O arrependimento, muitas vezes não admitido, já não pesa tanto quando sabemos que o saldo no momento é positivo, seja por conta de conquistas, realizações, crescimento...

Mas muitos aspectos da personalidade, do “eu” do passado ainda se mantêm. Seria isso o que chamam de essência? Seria a essência imutável? Será que quando nos olhamos no espelho e não nos reconhecemos é um sinal de que estamos nos perdendo em meio a tantos conflitos entre nosso eu interior e nosso eu exterior?

Acho que, no fundo, minha esperança é de que essa tal essência realmente exista, mesmo que mascarada por uma rotina maçante. E que, com um pouco de estímulo, possa voltar a ser como era antes.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Back in Black

Minha decepção é tão grande que até voltei a escrever.

São tantos questionamentos diários, que mal conseguia separá-los para análise mais profunda. Mas essa indignação é muito maior. O problema tomou proporções tão gritantes que ficou impossível ignorá-lo.

O que está acontecendo com as pessoas? Desde quando a moralidade se tornou algo superficial? Desde quando o fútil se tornou o primordial? Desde quando?

Eu sei, já faz um bom tempo. Não acordei de uma hibernação de 30 anos. O que ocorre é a forma como isso tem me afetado. O que antes era uma coisa distante, agora está à porta da minha casa.

Como se pode medir o valor de uma pessoa? Mede-se por sua inteligência? Por seu caráter? Por suas boas ações? Ou pelas medidas de sua cintura, de seus seios, de seus bíceps?

Como devemos passar nosso tempo? Cercados de pessoas de conteúdo, que saibam ser divertidas e que possam acrescentar algo de valioso em nossas vidas? Ou por pessoas lindas e perfeitamente simétricas, cuja vestimenta valoriza ainda mais o conteúdo? (físico, que isso fique bem claro)

Que tipo de contribuição os seres humanos estão buscando para sua vida?

Em uma generalização bem simples eu diria:

1- Homens estão buscando uma mulher com corpo de modelo, dócil e fiel, mas que entre quatro paredes faça o que ele quiser. Não é necessário possuir conteúdo, desde que não demande muito dinheiro e não fale muito. E que saiba seu lugar na casa (na cozinha, na área de serviço, no quarto)

2- Mulheres estão buscando um homem com corpo de modelo e dinheiro de jogador de futebol (mas qualquer um que tenha um carro bom serve também). Não é necessário possuir conteúdo, já que seria impossível acompanhar uma discussão mais complexa que o Big Brother. E que sempre diga o quanto ela é gostosa na frente dos amigos, afinal, é preciso valorizar.

Ou seja, estamos seguindo em direção a uma sociedade de robôs, com corpos e ideias padrão, onde o dinheiro e a imagem são primordiais. Valores distorcidos, amor próprio descartado, culto ao inútil.

É tão raso e sem valor. Por mais pessimista que possa soar, não acredito que haja remédio. Mas tenho fé nas pessoas que estão à parte desse emaranhado de ideias fracas, e que buscam evoluir de alguma forma.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Inesperado

Nesses últimos anos abri mão de muita coisa. Abri mão de momentos que nunca mais voltarão e, ciente disso, segui em frente com meus compromissos. Como boa canceriana, sempre volto ao lar após as aventuras, abraçando o aconchego e a segurança. Mas passei a esquecer que algumas coisas nunca mudam e que realmente deixei de lado pontos importantes.

Ontem, final do inferno astral, percebi o quanto possuo. Não que eu não soubesse, mas obtive uma grande demonstração que me deixou ainda mais sensível.

Muitas vezes esqueço de agradecer por tudo o que tenho, mas, pesando, parece até que não mereço tanto. Amor é uma coisa engraçada... Amo tanto... E sinto que sou amada.

Àqueles que quase me fizeram chorar de emoção, muito obrigada. Sei que nenhum deles verá isso, mas sabem que estão guardados no fundo do meu coração e que a intenção de tudo o que criaram em poucas horas me deixou realmente comovida.

Obrigada

Amo vocês...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Morfeu - 04/01/2011

Os segundos que precedem o fim
Não são nada além de um novo começo
Em que abandono tudo o que conheço
Sem jamais esquecer-me de onde vim
Abraço o novo com todas as forças
Fecho os olhos para ouvir a razão
Emudecida pelo coração
Da forma como ocorre com as moças
Quando em seus sonhos vagam no jardim
De Morfeu... A criação mais bonita
Para que nenhuma delas resista
Ao seu doce encanto: "venham a mim"
Ele sussurra, toca suas mãos
E a sensação de que o sonho acabou
São vestígios de tudo o que restou
Do labirinto chamado ilusão.

sábado, 4 de setembro de 2010

Soneto XVI

Uma sombra me persegue
Mesmo quando não há luz
Ilusão que me conduz
Não importa o quanto negue

Com as paredes converso
Não vejo o tempo passar
Até o sol despertar
Inspiração para um verso

A mente procura em vão
A saída da caverna
Desse sonho, ilusão

Que há muito tempo é presente
E em nu silêncio me acalma
Para a batalha iminente