quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Morfeu - 04/01/2011

Os segundos que precedem o fim
Não são nada além de um novo começo
Em que abandono tudo o que conheço
Sem jamais esquecer-me de onde vim
Abraço o novo com todas as forças
Fecho os olhos para ouvir a razão
Emudecida pelo coração
Da forma como ocorre com as moças
Quando em seus sonhos vagam no jardim
De Morfeu... A criação mais bonita
Para que nenhuma delas resista
Ao seu doce encanto: "venham a mim"
Ele sussurra, toca suas mãos
E a sensação de que o sonho acabou
São vestígios de tudo o que restou
Do labirinto chamado ilusão.

sábado, 4 de setembro de 2010

Soneto XVI

Uma sombra me persegue
Mesmo quando não há luz
Ilusão que me conduz
Não importa o quanto negue

Com as paredes converso
Não vejo o tempo passar
Até o sol despertar
Inspiração para um verso

A mente procura em vão
A saída da caverna
Desse sonho, ilusão

Que há muito tempo é presente
E em nu silêncio me acalma
Para a batalha iminente

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Violino

As cordas do violino
Deslizavam por seus dedos
Emanando a melodia
Que cativava o menino

Ele perdia seus medos
Era o próprio desatino
Movia-se inebriado
Sem medo de seu destino

Olhos fechados, sonhando
Com um lugar sob o sol
Onde dedos não apontam
Seus erros e, caminhando,
Segue o voo do rouxinol

Cessa o som do violino
Resta apenas o vazio
Repousa sob o céu puro
Corpo inerte no chão frio

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Coffee

Somente muito café poderia, por poucos momentos, tirar aquelas idéias de sua cabeça. Já não sabia quem era aquela pessoa do outro lado do espelho. Tudo o que sabia era que alguma coisa não estava certa.

Sentia em sua alma que mudar era possível, mas será que faria algum bem? Com certeza alguém se beneficiaria, alguém sempre sai ganhando.

Mas o primeiro passo fora dado, e o vento em seu rosto era extremamente forte, impossibilitando-a de respirar o ar puro daquelas montanhas.

Voava como os pássaros, em liberdade, até que o encontro de sua carne com a mãe terra encerrou a jornada.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Soneto (27/05)

O som do silêncio enlouquece a mente
Que por si só já sente a solidão
De um ser sem vida que jaz sob o chão
Com alma prisioneira do presente

Ela nada pode ouvir, ver, senão
O vácuo tão irritante, insistente
Que, como insano, grita novamente
O mudo som que a morte trouxe em vão

Nenhuma sensação é comparável
À eternidade fria e sem cor
Quando sobre a lápide a mão afável

Liberta de uma agonizante dor
Que se mostra cruel e interminável
Aprofundando a sensação de horror

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Túnel

Caminhava de mãos atadas até o final do túnel. Não havia luz, mas apenas uma chama fraca, que oscilava como se uma brisa constante ameaçasse apagar a única fonte de brilho daquele cenário sem vida. A cada passo encontrava-se a uma distância ainda maior de seu destino. Então parou. Após longos momentos repousando, percebeu que seus passos o levavam em direção a um espelho, que refletia sua sombra e a saída atrás de si. Mas suas pernas já não o obedeciam, e as paredes da caverna começaram a fechar-se, tornando seu repouso uma experiência claustrofóbica e aterrorizante. O oxigênio era escasso, assim como suas forças. Morreu dormindo em sua cama king size, enquanto a televisão exibia seu programa favorito.